O Z da Questão: A Geração que é Contratada na Segunda e na Sexta Já Pede Promoção. 

O Z da Questão: A Geração que é Contratada na Segunda e na Sexta Já Pede Promoção. 

leticia dolenga

Leticia Dolenga – Apaixonada por pessoas, comportamento humano e estratégia. Administradora, Business Psychologist e GCologist e fundadora da Leve Connect, conecta talentos e organizações para transformar potencial em impacto estratégico e resultados sustentáveis.

Euclides Junior

Euclides Junior – Sócio-fundador da Conexxão Consultoria, impulsiona organizações por meio de estratégias de Gente e Cultura, Diversidade e Inclusão, Talent Acquisition e Employer Branding. Com foco em transformação sustentável e experiência do colaborador, conecta pessoas e propósito para criar culturas organizacionais inovadoras.

Nos últimos anos, a Geração Z tem movimentado o mercado de trabalho com características e expectativas que contrastam fortemente com as gerações anteriores. Rapidez no desenvolvimento, valorização de propósito, flexibilidade e uma visão desafiadora sobre hierarquias tradicionais são algumas das marcas dessa geração, frequentemente surpreendendo gestores mais conservadores. Mas será que essa velocidade em buscar crescimento é algo negativo? Ou estamos testemunhando uma transformação positiva no ambiente corporativo?

O Perfil da Geração Z no Mercado de Trabalho

Nascidos entre meados da década de 1990 e início de 2010, os membros da Geração Z já representam uma parcela significativa da força de trabalho global. Segundo dados da ONU, em 2019, essa geração correspondia a 31,5% da população mundial. Ao ingressar no mercado, eles trazem expectativas claras e bem definidas:

    • Propósito e Impacto Social: Preferem trabalhar em empresas que tenham contribuições positivas para a sociedade. 
    • Desenvolvimento Rápido: Buscam trajetórias de crescimento que fujam dos tradicionais “degraus” da hierarquia corporativa. 
    • Flexibilidade e Tecnologia: Valorizam o trabalho remoto e ferramentas tecnológicas modernas que otimizem seus resultados.

Ambição ou Impaciência?

Frases como “Na sexta-feira já pediu promoção” refletem o estigma de que a Geração Z seria impaciente e arrogante. No entanto, essa visão ignora nuances importantes:

    • Reconhecimento versus Arrogância: A busca por crescimento rápido é frequentemente confundida com presunção. Na verdade, reflete o desejo de contribuir de forma significativa e de sentir-se valorizado. 
    • Rejeição a Moldes Tradicionais: Muitos preferem focar no desenvolvimento técnico e criativo em vez de assumir cargos de liderança. Para eles, posições gerenciais são vistas como “desgastantes demais” e pouco gratificantes, o que os leva a optar pela especialização em áreas onde possam causar maior impacto. 
    • Alta Rotatividade: Essa geração é notoriamente mais propensa a trocar de emprego quando não encontra alinhamento com seus valores ou perspectivas de crescimento. 

Esses comportamentos desafiam gestores acostumados à fidelidade e à estabilidade dos colaboradores de gerações anteriores. Como resposta, muitas empresas têm buscado profissionais mais experientes, valorizando sua resiliência frente a pressões e mudanças. Esses profissionais, considerados “mais sêniores”, também tendem a priorizar estabilidade, o que contrasta com a volatilidade da Geração Z.

O Impacto no Ambiente Corporativo

A Geração Z está provocando mudanças significativas na dinâmica das empresas, trazendo desafios, mas também oportunidades. De acordo com uma pesquisa da Great Place to Work (GPTW), 68% dos gestores afirmam que lidar com essa geração é um desafio. Além disso, os índices de turnover (rotatividade de funcionários) têm aumentado significativamente em relação às médias históricas de mercado.

Outro ponto crítico é a saúde mental. A sobrecarga e o estresse têm levado muitos jovens a abandonar empregos, às vezes sem outra oportunidade garantida. Isso intensifica a dificuldade de identificar sucessores para posições estratégicas – um problema histórico que foi potencializado com a chegada dos profissionais da Geração Z.

Por outro lado, a adaptação a esse novo contexto abre espaço para transformações positivas. Empresas que conseguem reter talentos da Geração Z têm adotado práticas inovadoras, como: 

    • Feedbacks Constantes: Essa geração prefere retornos frequentes e informais em vez de avaliações anuais formais. 
    • Modelos de Carreira em Y: Oferecem trajetórias menos hierárquicas, permitindo crescimento técnico e criativo, em vez de apenas gerencial. 

Essas mudanças não apenas atraem e engajam jovens talentos, como também tornam o ambiente de trabalho mais dinâmico e alinhado às exigências do mercado atual.

O Pedido de Promoção Vai Além do Cargo

Por trás do pedido precoce de promoção, há algo muito mais profundo. A Geração Z não busca apenas ascensão hierárquica, mas sim ambientes que valorizem aprendizado contínuo, entregas significativas, propósito e crescimento pessoal. 

As lideranças atuais necessitam de uma oxigenação completa em suas práticas, métodos e métricas. Vivemos um momento em que a perda de profissionais é acelerada por ambientes de trabalho pouco motivadores. É necessário que gestores mergulhem profundamente no entendimento dessa geração, traçando paralelos e aprendizados entre as características da Geração Z e as de sua própria geração para identificar convergências e pontos de aprendizado. Esse esforço pode criar ambientes mais inclusivos, inovadores e alinhados às demandas do mundo contemporâneo. 

Empresas que enxergarem essa geração como um motor de inovação – e não como um problema – estarão muito mais preparadas para o futuro do trabalho. No final das contas, o “Z da questão” não é sobre promoções, mas sobre a promoção de uma nova cultura corporativa: mais ágil, flexível e conectada às necessidades do mundo em constante mudança.

A Geração Z está reescrevendo as regras do mercado de trabalho, desafiando gestores a repensarem suas práticas e abandonarem paradigmas ultrapassados. Em vez de resistir, líderes têm a oportunidade de transformar essas mudanças em vantagens competitivas. Afinal, compreender e valorizar essa geração não é apenas uma questão de adaptação – é a chave para moldar o futuro.

E você, o que tem feito para acomodar a Geração Z na sua empresa?

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